Depois de um longo e tenebroso inverno estou de volta. O
sumiço sucedeu por problemas pessoais, infelizmente intransferíveis, que
abateram um pouco o consciente, já dizia o grande Raul Seixas: “Não pense que a
cabeça aguenta se você parar”. E no estado depressivo fiquei sem fazer nada do
que fazia, como ler pobres textos que escrevo... Não cantava, nada... E nada
mesmo...
Ainda bem que foram apenas duas semanas e nelas me organizei.
Estou de volta! Mas o que não pude deixar de observar foi que no meu nada, eu
fiz o que muitas pessoas ao meu redor faziam e me senti um pouco peixe fora
d’água. Tentei de todas as formas me entreter, em vão. Só a novela foi quem
conseguiu, com certo esforço de minha parte, ocupar-me durante exatos dezessete
minutos. Eu juro! Exatamente isso! Dezessete minutos. A tão esperada briga da Nina
(que é a Rita) com a Carminha (que é a Carminha) foi vista por todo o Brasil,
recorde de audiência. Na discussão observei que era uma coisa meio infantil, A Nina
(que era a Rita) era a mocinha que obteve seus momentos de vilã por que a Carminha
(que é a Carminha) deixou-a num lixão, e matou seu pai. Então a menina cresceu
e, ao que e me pareceu, conheceu pessoas maravilhosas no lixão, inclusive o
amor da sua vida. Viveu fora (sabe-se Deus lá como o fez) e voltou para se
vingar. Beleza. Quem é a filha da puta da história?
Dúvida número um: A Carminha matou, sequestrou, roubou,
adulterou, falsificou, deu golpe do baú, isso a mais de dez anos (tirando o
adultério que era atual, mais isso não é crime) e ninguém nunca suspeitou de
nada? Deve ser por ai que a Rita (que era a Nina) foi morar fora do país. E o
que deu para entender é que todo mundo torcia para...
Dúvida número dois: E se a menina cometeu os crimes, eles
não prescreveram? A Nina Rita não deveria ser presa? Todo homem que para perto
dela se apaixona, isso sim é um verdadeiro crime, fazer um cara se apaixonar e
no final você não dá pra ele. E a outra tinha duas paixões ou três, quatro sei
lá, a questão é que ela dava pra todos, logo essa vilã é a “menos pior”. Sabe
aquela história do policial mau-mau e o bom-bom? Então, a que matou, sequestrou
fez e aconteceu, tem um atrativo, ela dá. E a outra sem dá, encanta os homens,
como? E o Brasil inteiro via fascinado, vidrado a podridão, senti verdadeiro
asco durante dezessete minutos.
Mas minha intenção meus amigos é dizer que voltei, com
este texto que, seguindo a lógica de todos, certamente terá muitos leitores para
julgar se sou o vilão ou o mocinho. O Brasil me dará a honra de ler uma linha
sequer, pois isso não pode ser tão ruim quanto a putrefação da nossa novela.
Pois se for terei mais audiência.
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Legal. Pecado é provocar desejo e depois renunciar.
ResponderExcluirCom certeza! Viva Renato Russo!
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