quarta-feira, 10 de março de 2010

MOTIVOS

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COMENTÁRIOS SOBRE "VOCÊ, EU, FAMÍLIA E DOENÇA MENTAL".

Foi publicado na terça-feira retrasada um email recebido por mim em Julho de 2007, sete meses depois de meu irmão não querer mais falar comigo. Este email faz parte de uma Trilogia escrita num mesmo dia. Publiquei a primeira parte e depois publicarei as outras. Os temas são relativamente os mesmos, mas como prometido vou publicar tudo desde a Mensagem Importante.

O texto é um pouco constrangedor, eu diria, pois não traz os fatos as claras o que suscita interpretação errada. Faz quase três anos que recebi este email, mas confesso que até hoje não publiquei, como prometido, pois esperava uma oportunidade de poder conversar com meu irmão pessoalmente sobre os assuntos que ele diz no email. Mas ele nunca aceitou conversar novamente comigo. Ele diz neste email que não busca ter muito contato comigo por não termos nada a ver, mas a nossa história mostra o contrário. Nós sempre fomos “unha e carne”. Onde eu estava ele estava atrás e onde ele estava lá estava eu. Quase tudo que eu fazia na vida ele quase sempre esteve junto. Nós somos os caçulas, e os caçulas acabam vivendo mais tempo juntos, pois são os últimos de casa a sair pra trabalhar ou pra casar, por exemplo. Nós chegamos a morar juntos por um tempo de nossas vidas o que fez nosso laço de amizade ser muito maior. Quando me casei ele se tornou muito amigo da minha esposa, chegando inclusive a ser padrinho do meu casamento e ser a única pessoa tirando eu e minha esposa que tinha a chave de minha casa. Ele entrava e saía da minha casa a hora que quisesse. Tínhamos uma amizade tão forte que isto não causava nenhum constrangimento.

Então eu pergunto: O que aconteceu pra este email ter um tom de inimizade tão grande depois de seis meses se vivíamos juntos há quase 30 anos? O curioso é que inicialmente o tema abordado pra tal inimizade seria o preconceito e depois a minha suposta recusa de ler os seus relatos de Os Casarões. Mas mesmo eu tendo um preconceito tão grande e ter me recusado a ler os seus textos não se explica adjetivos tão terríveis sobre uma pessoa. Mas por que ele nunca conversou isto comigo antes? Como pode mesmo depois de ele ter “adquirido conhecimentos fora do comum” nunca ter aceitado conversar sobre o assunto? Por que eu não me lembro de ter relembrado estes acontecimentos pra chamá-lo de “bicha”? Será que ele só adquiriu estes “conhecimentos fora do comum” depois dos 30 anos?

"Eu trabalho em coisas sociais e você trabalha em algo que é quase agiotagem."ZHEREAL

Sobre o meu trabalho, eu sou promotor de venda de algumas revistas de cosméticos, como Avon e Natura. Os meus poucos conhecimentos não me deixam perceber que promotores de venda destas revistas trabalhem com “agiotagem” e sejam sujeitos as penalidades da lei. Por outro lado eu sou muito querido por todas as “minhas vendedoras”, sendo assim, mesmo se elas conhecessem de legislação (digo que muitas conhecem, tenho cliente que é advogada e é um preconceito terrível achar que quem compra cosméticas de Avon seja tão ignorante assim) nunca me processariam, pois não se sentem lesadas.

“Quanto a você dizer que me internou para que eu não me ferisse: isso não é desculpa.”ZHEREAL

Quando ele fala sobre a segunda crise, em que eu deveria ter procurado a Dra Sônia, não adianta eu rebatê-lo querendo entender alguma coisa. Na verdade eu nunca o internei. Eu não sou o seu pai nem o seu responsável legal. Na verdade somos os irmãos mais novos. O que mais ele quer com estas declarações é encontrar motivos pra que ele não precisasse ser internado novamente naquela ocasião. Na verdade eu também buscava. E este procedimento já estava sendo tomado pela família. Desde aquela noite terrível na ocasião da segunda crise que ele vinha tendo altas pra ser tratado em casa. Nós só levávamos-o ao médico quando ele tinha mudança muito brusca de comportamento. Então o medo dele se ferir fazia com que buscássemos ajuda. Neste dia em que ele diz que eu deveria ter procurado a Dra Sônia eu suponho que seja o último dia em que ele foi internado. De lá pra cá ele vive uma vida muito saudável. Depois de ter sofrido alguns meses internado no Sanatório Rio de Janeiro, de lá pra cá ele nunca mais voltaria a ser internado. Assim como o caso do abuso sexual (explicando “aquelas coisas sexuais” da crise) e a violência física sofrida na infância causada por mim (explicando o estado violento adquirido por ele durante as crises), são motivos também de explicar os motivos de seu comportamento, digamos, diferente durante as crises.

“O outro irmão depois de velho não comentou isso nunca mais. Ele deve ter vergonha e remorso.”ZHEREAL

Mas é interessante notar que a culpa é sempre minha. Eu causei estes danos nele. O irmão mais velho é inocentado. Estudando estes dados podemos ter uma noção, mas não muita, como se estudássemos todo o assunto. O motivo claro do por que ele cortou o relacionamento comigo não é bem explicado. Se eu sou um cara tão mau, o que fez ter amizade durante tanto tempo comigo? Ele sempre foi meu amigo antes e depois das crises. Eu não sou o irmão mais velho. Mas eu sou o responsável. Eu ajudei a enganá-lo. Será que quando eu era criança eu tinha uma inteligência tão avançada pra ter tanta maldade assim? Será que crianças com menos de dois anos de diferença de idade não aprendem as coisas quase que ao mesmo tempo?

“Nossa mãe nunca lhe colocou limites.”ZHEREAL

É interessante notar também os limites de nossa mãe:
Quando eu tinha mais ou menos 12 anos meu pai já era morto. Então minha mãe que já trabalhava começou a ter a companhia da minha irmã e irmão mais velhos na ajuda pra sustentar a casa. Então com a ausência da mãe e de um irmão mais velho eu me tornei “o irmão mais velho”. Neste caso eu realmente era o mais velho dentro de casa. Mais por vicissitudes da vida meu irmão mais velho contraiu tuberculose. Mesma doença que matou meu pai. Então a minha condição de “dona de casa” se tornou mais evidente dentro de casa. Antes de meu irmão adoecer eu já cozinhava, lavava e passava. Era responsável por tomar conta da casa e DELE mesmo tendo 12 anos de idade (eu acho). E depois ainda assumi a responsabilidade de cuidar de um irmão enfermo.

“Sou tão cínico às vezes. O tempo todo estou tentando me defender.” RENATO RUSSO

É lógico que eu estou tentando me defender, mas é que eu não posso me calar diante das acusações sem antes contar minha história. De repente a responsabilidade de cuidar de uma casa ainda na infância seja “muita falta de limites”. Mas, por mais que causei mal à SUA vida eu sempre lutei pelo bem DELE. Não entendo por que tudo aconteceu, mas digo que tenho certeza que se ele nunca tivesse crise seríamos amigos até hoje. Se começarmos a ver o mal que os psicotrópicos e psiquiatras causam na vida das pessoas seria interessante notar também o mal que a doença mental causa. Pois ninguém procura um psiquiatra ou toma psicotrópicos sem ter sintomas de transtorno mental.

Pra finalizar eu queria que vocês notassem agora a inteligência com que ele conduz o texto. (Também é interessante notar novamente como uma brincadeira de criança pode desencadear conseqüências pra vida toda.) Ele inocenta o outro irmão pra te confundir. Ele também usa o meu filho como exemplo pra confundir minha cabeça. Pega o exemplo de bebida alcoólica e mistura mãe e sobrinho. (É bom lembrar que eu nunca induzi meu sobrinho a tomar cerveja, ele já toma desde mais novo e apenas estava tomando cerveja na minha frente, o meu erro foi não impedir. Mas eu não podia, pois também bebo desde os 14 anos. Sobre mãe evangélica, quem deve dizer que proíbe ou consente bebidas alcoólicas em suas casas são os seus donos, no caso minha mãe, minha sogra, meu cunhado, pessoas semelhantemente evangélicas que permitem que eu tome cerveja em suas casas.) Ele também lembra solidão como se eu não fosse tão solitário quanto ele. Eu nunca tive “um monte de namoradas”. (Inclusive casei com minha primeira namorada.) Nós sempre fomos tão iguais que sempre fomos solitários e reclusos.

Depois deste desabafo todo ELE me recomendou um psicólogo, o que realmente eu fiz depois destes incidentes todos.

Mas mesmo não estando tão bem, confesso que lido com estes fatos com uma maior naturalidade hoje em dia.

A ajuda psicológica me fez bem!

Leia sobre as crises psiquiátricas que eu enfrentei em O DESAFIO DA VIDA.

Fui!!! Um abraço!!!

P.S. Publicado em 16 mar.10

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